sexta-feira, 26 de agosto de 2011

ops! Bom dia

Eu achava que era um verso sem rima
E ele um verso perdido

sem ter o que rimar
fui te encontrar

nos seus braços
descobri
o lugar que sempre
quero habitar.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Conta gotas

um punhadinho espera outro punhandinho
juntos
formam uma gotinha
que agora
escorre pela minha face.

domingo, 21 de agosto de 2011

jardim

Conta tudo
até 10
para acalmar
vou despedaçar a flor
pétala por pétala
não preciso
desse ar
Fala devagar
não adianta andar
se ainda há raíz
poderosa a atitude
espinhos nos meus olhos
pinicam e fervem
as lembranças do passado
outra flor,
por favor.

vc dispensaria o que te faz feliz?

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ciclo

Voltei sozinha no carro
me permitindo
a direção sem rumo
as ruas ainda úmidas
escurecidas e vazias
despertam o interesse
e entonam seu canto noturno
o medo em mim habitável
aos poucos dissolve
são cacos deixados
fiapos ou retalhos
de idéias que ficam
para trás
no passado
na mente atual
a dúvida
o vasculho pela solução
a confirmação da escolha
achei engraçado
precisar me perder para achar
somos sós
eu estava só
reparei na esquina outro tipo de solidão
deve ser ruim
sair sem ter para onde voltar
estou de saída
será que vou poder voltar?




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

risadas populares

Onde eu joguei essa pedra?
e porque agora?
reverbera em ondas
latejantes
em copos quebrados
e vidros embaçados
cortes internos
alma ferida
grunhidos raivosos
para um telefone mudo
inexiste
a comunicação

culpados
todos foram condenados
gritos estremecidos
uma medéia enfurecida
oferece goles do veneno
vamos aos poucos
a morte lenta
diverte o espectador
que sentado no sofá
mete ansioso a mão no saco de pipocas
e toma coca-cola
ao brado da democracia
dê ao povo o que eles querem
pão
circo
e a cada apresentação
estrutura-se
um país
uma nação
uma casa.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

textual

puxaaaa
mais um pouco para cá
o outro para lá
virgula,
para separar
as orações
pedidos de ajuda
preces preciosas
milenares
break para inspiração
o ar que as narinas sopram
contra o papel
intervalo suspenso da história
ah?
você quer ponto?
te aviso já
pontuar é mais que separar
é distanciar muito
colocar rios,
casas,
vidas
no meio do meio
de nós
te olho nos olhos
certeza?
com silêncio de concessão
me afoguei na escuridão


que seja então
feita a tua vontade
Amém.
porque sinto o que sinto
quando não quero mais sentir
uma mistura gigante
de sensações
todas na minha pele
como fungos
me comendo aos poucos
as mordidas mais fortes
deixam feridas
que demoram
são cicatrizes
de muros de concreto
jaulas
o animal que lá dentro
geme
somos nós
há correntes estridentes
um cárcere
que percorre
toda extensão do seu
pequeno
minúsculo
espaço
a caneca d'agua
é a mesma de pedir esmolas.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

não estava cabendo em mim

ligo o secador bem alto
preciso abafar meus pensamentos
os gritos sufocados na garganta
minhas palavras emudecidas
são apenas suspirros de dor
desespero
atenção senhores passageiros
já sei!
se conseguir gozar
pensando em você
certo que te ligo
as saídas de emergência
o que?
ali?
aqui?
onde?
em todos os lugares
te expulsei em cada bebida
em cada cigarro,
drogas
e bocas
sim bocas
algumas delas só
para vomitar o meu amor
o cabelo já está quase seco
queria ter a coragem
de abrir o peito com uma navalha
o sangue pulsando e jorrando
do corte
estou naquele meu momento
você conhece bem
máscaras de oxigênio cairam sobre suas cabeças
cadê meu ar?
levanto cambeleando
vou ao banheiro
preciso molhar o cabelo
mentira
é motivo
entorpecida com o sangue escorrendo
sugo como um vampiro
minha arte desintegrada
que falta faz um pedaço
os olhos estão secos
ja pisquei
várias e várias
infinitas
vezes
o que fazer com esse cabelo?
a voz no turbilhão não para
essa aeronave possui banheiros
a falta da posse
meu egoísmo.

porque vc insistiu em fazer feliz
uma pessoa assim?